Poesia do Mês

quinta-feira, 1 de outubro de 2015





Risada de Funeral


espere por meu corpo
que jaze exporto dentro do caixão

espero pelo choro, pelo lamento
espere que a carne rompa de podridão.

levante e exponha ao mundo meu lamento
os gritos de terror engasgado 
as lacerações do corpo exposto para contemplação.

olhe o que me tornei
olhe o sofrimento que carregarei

ouvi ao longe ela sorrir
enquanto vez ou outra sussurrava:
"ele vai se levantar!"
"ele está vindo lhe buscar!"
"Olhe, não consegue vê? Ele está se mexendo."

levaram-na por não aguentar o riso

isolaram-na pra não ter que ouvir o que dizia.

"Triste fim pra esse pobre moço."

"tenho pena, tão novo."
seguiu-se noite a dentro a ladainha que não cessava.

quieto estava o morto
inquieto estava os vivos.

algo de sinistro havia no ar
alguns queriam ir, outro temiam ao ficar
nenhum foi capaz de deixar o recinto.

o morto a espirar
o moça a sorrir
o povo a gritar
...

Daniella Silva


♥Iniciando o Mês do Horror

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